quarta-feira, 14 de julho de 2010

Agora..

...que te vês sozinho nessa casa que parece crescer a cada dia que passa, sentes que és mais vazio do que pensavas ser! Quiseste libertar-te de tanto e agora vês-te preso a tão pouco...

Sabias da paixão pela vida que tinhas dentro de ti e que ela não sabia acompanhar, e achaste que sozinho corrias mais rápido por aquele campo de relva.

Mas esta noite adormeceste nessa corrida, ao som da música que te acelerava o metabolismo, e o sono profundo meteu alguém ao pé de ti. Sonhaste de mãos-dadas com quem não conheces mas que tens a certeza de já estar algures por aí.

Revoltou-te seres traído pelo sonho. Revoltaram-te as chapadas de luva branca que o teu inconsciente escondeu de ti.

A manhã solarenga revelou-te uma cama que ainda tinha espaço para mais um, e o sonho ainda fresco tirou-te as forças até aí acumuladas. A vontade de deixar cair nos lençóis as lágrimas que sabias ter dentro de ti fez-te permanecer caído de olhar fixo no nada por dois ou três minutos. Porque não aceitaste o vazio que tens dentro de ti, levantaste-te, engoliste em seco o nó que te pesou no estômago, debruçaste-te sobre a mobília e forçaste um sorriso para te cumprimentares ao espelho...

...partiste sozinho para o campo de relva, num andar cansado, como quem foi arrastado de novo para o ponto de partida, mas consciente da força que ainda havia em ti!

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