segunda-feira, 5 de setembro de 2011

E eu sei...

E eu sei que não te quero! E eu digo a mim mesma, vezes e vezes sem conta, que não és tu.
E eu fecho e encerro e escondo...e eu fujo de ti, não sabias?

E é o teu toque que me engana! Que me segura no momento. Que paralisa cada célula do meu corpo que já estava de partida.
Enquanto os toques se multiplicam, se geram e reproduzem, eu estou ali...

E é a vontade de sentir o que há muito já não sinto que me agonia. Porque quando as nossas mãos se desencontram, e nenhuma parte do meu corpo repousa no teu, o que eu sinto é que pouco senti.
E o teu olhar sorridente corta-me de fininho...

Corro para mim mesma, quão depressa consigo, baralho as passadas e desço por mim aos trambolhões. Quando paro, engulo a lágrima que ameaça rebentar e respiro de alívio por estar sozinha.

E é frustrante!! E é irónico. Assim que me levanto e recomponho, assombra-me o pensamento, e a alma, a vontade de regressar a ti.

E eu já não sei o que é. E já me cansa tentar perceber...

E eu fecho e encerro e escondo...e correndo para ti, eu fujo de mim!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A neve...

A neve precipitou-se para o cume daquela montanha sorrateira e suavemente. Quando olhei a paisagem já o branco se tinha apoderado das outras cores. Gelou! A vida que ali se sentia pairava no tempo, como quem, hirto e imóvel, vê os barcos passarem!

Eu olhava para aquele manto pesado, que num breve desvio do meu olhar e da minha atenção se tinha depositado, e na minha cabeça, ensurdecendo a minha mente, a minha voz não se calava. Farta de ouvir as mesmas lengalengas que desde há muito, já nem me lembro desde quando, conto a mim mesma, virei costas àquela vida estagnada e deixei que deste outro lado, para onde agora olhava, a vida fosse suficiente para apagar o que atrás de mim, hirto e imóvel, se levantava.

Suficiente nunca foi, pelo menos para quem me visitou! O que à minha frente se oferecia não chegava, era pouco.

E mentia a mim mesma, aquela voz que não se calava repetia que eu queria isso...pouco ou nada!







terça-feira, 24 de maio de 2011

O mar revoltava-se...

...ao longe como tropa de uma guerra sem inimigo. As ondas que me chegavam aos pés, de tanta raiva que tinham na força, obrigavam-me a passo e meio na direcção que seguiam. A brisa intensa envolvia os meus cabelos numa dança tribal e a vontade de entrar nesse remoínho de forças despertou em mim. Vi nesse mar todas as lágrimas que não tenho deixado sair...estremeceu o meu peito com a marcha desses soldados, estremeci eu...
estremeceu a minha Alma com esse passo agitado...era mais forte do que eu.

Mais passo e meio e a guerra agarrou-me pela cintura. Relembrou-me do teu abraço...que me segurava sempre que algo em mim fugia; a força, a vontade...a alegria! Mas este abraço queria-me levar, queria que eu não resistisse...levava consigo a areia onde os meus pés se enterravam, queria-me ver tombar.

O palpitar do meu peito também me empurrava para a frente...e o turbilhão já quase não me deixava respirar.

Cedo cedi à emoção... e escorreu-me pelos olhos a outra metade desse mar.